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Quem fundou a Igreja Católica?

Este artigo busca responder a pergunta: “Quem fundou a Igreja Católica?” explorando as origens teológicas e históricas profundas da Igreja Católica.

Por um lado, a Igreja Católica tem a uma visão sobre suas próprias origens. Por outro lado, existe a perspectiva protestante e liberal de que a sua fundação remonta ao século IV, particularmente, sob o imperador Constantino (272-337).

Neste contexto, investigaremos tanto as evidências bíblicas quanto as contribuições dos Padres da Igreja — teólogos dos primeiros séculos do Cristianismo, cujos escritos e doutrinas ajudam a formar a base do pensamento cristão.

Nosso objetivo é oferecer uma visão clara e fundamentada sobre a fundação da Igreja Católica, dissipando mitos e fornecendo entendimento sobre sua verdadeira origem e desenvolvimento inicial.

Esta introdução se propõe a estabelecer um pano de fundo informativo e acessível, destacando a relevância de uma investigação rigorosa sobre quem realmente a fundou a Igreja Católica.

(Mateus 16:18): A evidência principal sobre quem fundou a Igreja Católica.

Primeiramente, a origem da Igreja Católica remonta a um evento decisivo narrado no Evangelho de São Mateus.

No versículo 16:18, Jesus afirma explicitamente a São Pedro:

“E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja; e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”

Essa passagem destaca dois pontos fundamentais: 1) Em primeiro lugar, a fundação da Igreja por Cristo; 2) Em segundo lugar, a transmissão de autoridade da Igreja para Pedro.

Quando Surgiu a Igreja Católica e Quem a Fundou?

Essas palavras marcam o início da Igreja Católica, ancorada na figura de seu primeiro líder. Ao usar a palavra  “pedra”, Jesus enfatiza a solidez e a permanência da fundação que escolheu para sua Igreja.

Mas, talvez, você questione que nessa passagem “a pedra é Jesus Cristo; e não Pedro”. Na próxima sessão vamos entender melhor este ponto.

Afinal, o evangelho de São Mateus diz claramente que Cristo fundou a Igreja. Por outro lado, falar sobre Pedro é a chave para entender quem fundou a Igreja Católica. Ou ainda, se a Igreja fundada por Cristo (conforme relata o Evangelho) é diferente da Igreja Católica.

Este versículo é frequentemente citado quando se discute quem fundou a Igreja Católica, ressaltando o papel direto de Cristo na sua criação e a escolha de Pedro como primeiro Papa.

O Papel de São Pedro e a história da fundação da Igreja Católica

No Evangelho de São João 1:42. Simão é apresentado a Jesus por seu irmão André, Jesus olha para ele e diz:

Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedra).

Este é o momento em que Jesus muda o nome de Simão para Pedro, indicando a nova identidade e papel que Pedro teria. Essa mudança de nome já ocorrera algumas vezes no antigo testamento, quando Deus mudou o nome de Abraão (Gen, 17,5), mudou o nome de Sara (Gen, 17, 15) e mudou o nome de Israel (Gen, 32,28). Todas essas mudanças de nome estão atreladas a uma nova missão ou a uma nova identidade nos planos de Deus.

Perceba que Jesus Cristo falava aramaico… e chamou ele de “Cefas”. Em aramaico não existe diferenciação de gênero para Cefas. Desse modo, considerando o contexto, Cristo se referiu a Pedro como “Pedra”.

O nome “Pedro” (em masculino) aparece na tradução grega do Evangelho, aproximadamente 70 anos após o fato narrado no Evangelho de Mateus.

Jesus Cristo fundou a Igreja e transmitiu a autoridade a São Pedro

Dessa forma, essa mudança de nome, sinaliza a nova identidade e missão de Pedro.

Adicionalmente, no Evangelho de São João, especialmente nos versículos 21:15-17, Jesus confere a Pedro uma responsabilidade específica:

Apascenta os meus cordeiros…

Apascenta as minhas ovelhas…

Apascenta as minhas ovelhas.

Perceba, são três ordem emitidas por Cristo. Talvez o Divino Mestre tenha repetido três vezes justamente para enfatizar para Pedro a sua missão e para que não tenhamos dúvidas sobre o papel do apóstolo na Igreja fundada.

É uma pena que tanta clareza de Jesus Cristo não convença os protestantes!

Esta série de instruções de Jesus não apenas solidifica a liderança de Pedro, mas também enfatiza sua autoridade única como o líder principal e cuidador da Igreja de Cristo.

Esse momento é crucial quando consideramos quem fundou a Igreja Católica, pois destaca Pedro não apenas como um discípulo, mas como o principal o líder máximo da Igreja depois de Cristo.

Tal designação sublinha o papel de Pedro na fundação da Igreja Católica, reforçando-o como a primeira autoridade, cuja liderança seria o modelo para os papas que o sucederam, mantendo a continuidade da visão de Jesus através da sucessão apostólica.

Ademais, voltemos ao Evangelho de São Mateus capítulo 16: imediatamente após Cristo falar: “Também eu te digo
que tu és Pedro, ” e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela.” (versículo 18), Nosso Senhor prossegue no versículo 19:

“Eu TE DAREI as CHAVES DO REINO DOS CÉUS e O QUE LIGARES NA TERRA SERÁ LIGADO NOS CÉUS, e O QUE DESLIGARES NA TERRA SERÁ DESLIGADO NOS CÉUS.”

Maior clareza do Salvador é impossível!

Autoridade de São Pedro nos Atos dos Apóstolos

De um modo geral nos Evangelhos, Pedro é o apóstolo mais mencionado. O filósofo russo Vladimir Soloviev parece ter sido o primeiro a observar sobre este ponto. Por exemplo, Pedro, é muito mais citado nos Evangelhos que o apóstolo amado (São João).

Nos Atos dos Apóstolos, a figura de São Pedro emerge com destaque, consolidando sua posição como líder primordial da Igreja Católica. Foi o primeiro a batizar, o primeiro a pregar e o primeiro a realizar milagre.

Quando Surgiu a Igreja Católica e Quem a Fundou? São Pedro em Atos dos Apóstolos

1. Primeiro sermão e a conversão de 3000 pessoas:

No dia de Pentecostes, Pedro assume a liderança ao proferir o primeiro sermão público após a descida do Espírito Santo. Seu poderoso discurso resulta na conversão de cerca de 3000 pessoas (Atos 2:14-41).

Este evento não só marca o início da disseminação do Cristianismo, mas também solidifica a posição de Pedro como uma figura de autoridade na Igreja nascente.

2. Cura do coxo na Porta Formosa:

Pedro, junto com João, realiza um milagre ao curar um homem coxo desde o nascimento (Atos 3:1-10).

Este ato milagroso aumenta grandemente a influência dos apóstolos entre o povo e confirma a autoridade de Pedro, dado que ele usa essa oportunidade para pregas sobre Cristo e a conversão.

3. Visão do lençol e a inclusão dos Gentios:

Em Atos 10, Pedro recebe uma visão significativa que o instrui a não considerar impuro o que Deus purificou.

Isso prepara o caminho para a conversão do centurião Cornélio, o primeiro gentio a ser oficialmente recebido na Igreja, rompendo as barreiras entre judeus e gentios e estabelecendo um precedente para a missionação universal (Atos 10:9-48).

4. Liderança no Concílio de Jerusalém:

Pedro desempenha um papel crucial no primeiro Concílio de Jerusalém, onde defende com sucesso a ideia de que a salvação através de Jesus Cristo está disponível para todos, judeus e gentios, sem a necessidade de seguir todas as leis judaicas tradicionais (Atos 15:7-11). Sua intervenção é decisiva para a definição da direção da Igreja primitiva.

Cada um destes episódios ilustra como Pedro foi instrumental na definição dos rumos da Igreja primitiva e no estabelecimento de suas bases doutrinárias e comunitárias.

Ao analisar quem fundou a Igreja Católica, é essencial reconhecer o papel vital de São Pedro, cuja autoridade e ações nos Atos dos Apóstolos ajudaram a moldar a Igreja conforme a conhecemos hoje.

Uma falsa percepção sobre a fundação da Igreja Católica

Circula ainda hoje a ideia equivocada de que a Igreja Católica teria sido fundada pelo imperador Constantino no século IV. Segundo essa visão, o cristianismo antes dele seria algo solto, desorganizado, sem papa, sem missa e sem sacramentos. No entanto, essa narrativa não corresponde aos fatos históricos.

É verdade que, nos primeiros séculos, os cristãos viviam sob intensa perseguição por parte dos imperadores romanos. Por isso, a estrutura da Igreja não podia se manifestar de forma pública ou organizada como viria a acontecer após a paz constantiniana. Mas isso não significa que ela não existisse. A Igreja já possuía sua hierarquia, suas práticas sacramentais e sua doutrina, mesmo na clandestinidade.

Havia papa (bispo de Roma), chefe da Igreja

Desde os tempos apostólicos, a Igreja reconhecia a liderança do bispo de Roma como chefe visível da comunidade cristã. Um exemplo concreto disso é São Clemente Romano, que foi ordenado bispo por São Pedro. Ele é citado por São Paulo em Filipenses 4,3, o que comprova que já era uma figura de destaque no fim da era apostólica.

Clemente foi papa aproximadamente entre os anos 88 e 97 d.C., período em que a Igreja ainda sofria perseguições do Império Romano, especialmente sob o imperador Domiciano.

Durante seu pontificado, ele escreveu a célebre Primeira Carta aos Coríntios, datada por volta de 96 d.C., um dos mais antigos escritos cristãos fora do Novo Testamento. Nela, demonstra com clareza o exercício de autoridade pastoral sobre uma comunidade distante — a Igreja de Corinto — que passava por sérias divisões internas.

Logo no início da carta, São Clemente reconhece seu dever como bispo de Roma de intervir na situação:

“Acreditamos ter demorado muito para dar atenção às coisas que entre vós se discutem.” (1Cor, 1)

Esse comentário revela que ele se sentia responsável por manter a unidade da fé entre as igrejas, mesmo aquelas situadas fora de sua própria diocese.

Mais adiante, no capítulo 59, ele adverte com autoridade:

“Se alguns desobedecem ao que nós lhes dissemos da parte de Deus, saibam eles que estão incorrendo em falta e não poucos perigos.” (1Cor, 59)

Esse trecho é um testemunho claro de que a Igreja de Roma já exercia um papel de orientação doutrinal e disciplinar sobre outras comunidades cristãs. Tal intervenção só seria possível se existisse, desde então, uma estrutura reconhecida de autoridade universal — exatamente o que a figura do papa representa.

Existia hierarquia, antes de supostamente Constantino ter fundado a Igreja Católica

Já no fim do século I, Santo Inácio de Antioquia (c. 35 – c. 107 d.C.) — discípulo de São João Evangelista e bispo de Antioquia até seu martírio por volta de 107 d.C. — testemunha a existência de uma hierarquia claramente estabelecida na Igreja. Em suas cartas autênticas, especialmente em Magnésios, Tralianos, Filipenses e Efésios, ele descreve um modelo triplo: bispo, presbíteros e diáconos, com o bispo presidindo a comunidade como representante de Deus.

Para Santo Inácio, a comunhão com o bispo é o critério fundamental da ortodoxia e da unidade. Sua afirmação é clara e decisiva:

“Estar em comunhão com o bispo equivale a preservar-se do erro e da heresia.” (Tralianos 6; Filipenses 3)

A Missa sempre existiu

A Missa não surgiu como uma simples reunião de fiéis para rezar, mas como a renovação sacramental do sacrifício de Cristo na cruz, conforme suas próprias palavras na Última Ceia, tomadas literalmente pelos primeiros cristãos:

“Isto é o meu corpo. Isto é o meu sangue.”

Desde o início, os cristãos celebravam a Eucaristia em casas de fiéis abastados, que colocavam suas residências a serviço da comunidade. O historiador Daniel-Rops, membro da Academia Francesa, descreve esse cenário com base em fontes literárias, arqueológicas e pictóricas das catacumbas:

“Os textos dos mais antigos escritores cristãos, as descobertas arqueológicas e as pinturas das catacumbas permitem-nos fazer uma ideia bastante completa do que podia ser a celebração da missa. Um convertido amigo, um desses fiéis ricos que a fé acaba de ganhar para Cristo, põe a sua moradia à disposição da comunidade.” (Daniel-Rops, A Igreja dos Apóstolos e dos Mártires, vol. I, cap. V)

Muitas igrejas antigas de Roma ainda preservam a memória desses cristãos generosos: Prisca, Célia, Pudente, Clemente. Sob os alicerces de diversas basílicas, arqueólogos encontraram os restos dessas primeiras “domus ecclesiae” — casas transformadas em locais de culto. Um exemplo notável é a descoberta da igreja doméstica de Dura Europos, no deserto sírio, trazida à luz pelas escavações do século XX.

Porém, o mais importante é compreender que, para os cristãos dos primeiros séculos, o pão e o vinho consagrados na Missa eram verdadeiramente o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo — não símbolo, mas realidade viva.

Voltemos a Santo Inácio de Antioquia (c. 35 – c. 107 d.C.):

De fato, há uma só carne de nosso Senhor Jesus Cristo e um só cálice na unidade do seu sangue, um único altar, assim como um só bispo com o presbitério e os diáconos, meus companheiros de serviço. (Carta aos Filadelfienses, 4)

Eles se afastam da eucaristia e da oração, porque não professam que a eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, que sofreu por nossos pecados. (Carta aos Esmirniotas, 7)

Também encontramos essa afirmação antiga em São Justino Mártir (c. 100 – c. 165 d.C.):

Este alimento se chama entre nós Eucaristia, da qual ninguém pode participar, a não ser que creia serem verdadeiros nossos ensinamentos e se lavou no banho que traz a remissão dos pecados e a regeneração e vive conforme o que Cristo nos ensinou. De fato, não tomamos essas coisas como pão comum ou bebida ordinária, mas da maneira como Jesus Cristo, nosso Salvador, feito carne por força do Verbo de Deus, teve carne e sangue por nossa salvação, assim nos ensinou que, por virtude da oração ao Verbo que procede de Deus, o alimento sobre o qual foi dita a ação de graças – alimento com o qual, por transformação, se nutrem nosso sangue e nossa carne – é a carne e o sangue daquele mesmo Jesus encarnado. (Apologia I, 66)

Esses testemunhos tão antigos — como os de Santo Inácio de Antioquia e São Justino Mártir — deixam evidente que, desde os primeiros séculos, os cristãos reconheciam na Missa o mesmo núcleo que a Igreja conserva até hoje: a renovação do sacrifício de Cristo na cruz e a transubstanciação, ou seja, a verdadeira conversão do pão e do vinho, após a consagração, no Corpo e Sangue reais de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Foi Santo Inácio de Antioquia quem fundou a Igreja Católica?

Se você acompanhou o raciocínio até aqui, já percebeu que, desde o primeiro século, não há qualquer ruptura com os ensinamentos dos apóstolos. Tudo o que é essencial à fé — a doutrina, os sacramentos, a autoridade apostólica — já existia plenamente na Igreja nascente, e continua presente até hoje. Por isso, é evidente que Santo Inácio de Antioquia não fundou a Igreja Católica.

No entanto, ele foi o primeiro a empregar o termo “Igreja Católica”, por volta do ano 107 d.C., em sua Carta aos Esmirniotas, ao escrever:

Onde aparece o bispo, aí esteja a multidão, do mesmo modo que onde está Jesus Cristo, aí está a
IGREJA CATÓLICA. (Carta aos Esminiotas, 8,2)

Nessa passagem, duas verdades se destacam de forma clara:

1) A expressão “Igreja Católica” já era usada muito antes do século IV, muito antes de Constantino;
2) A Igreja de Cristo se reconhece onde há um bispo legítimo, ordenado pelos apóstolos ou por seus sucessores, em comunhão com o corpo da fé.

O que pensavam os doutores da Igreja sobre quem fundou a Igreja Católica?

O reconhecimento e reverência a São Pedro e a sua autoridade apostólica permeiam os escritos dos Padres da Igreja, os primeiros teólogos e líderes eclesiásticos (alguns deles discípulos diretos dos apóstolos) cujas obras contribuíram significativamente para a doutrina e a organização da Igreja Católica.

Estes Padres ofereceram fundamentos teológicos e históricos que solidificaram o entendimento de Pedro como o primeiro líder da Igreja.

O que pensavam os doutores da Igreja sobre quando surgiu a Igreja Católica e quem a fundou?

1. Santo Irineu de Lyon (c. 130-202)

Santo Irineu de Lyon é conhecido por ter sido um discípulo de São Policarpo de Esmirna. São Policarpo, por sua vez, teve a oportunidade de ser discípulo direto de São João Evangelista.

Em seu influente trabalho “Contra Heresias”, Irineu enfatiza a importância da Igreja de Roma, fundada e organizada pelos “gloriosos Apóstolos Pedro e Paulo”.

Santo Irineu defende a ideia de que esta Igreja possui a preeminência devido à sua autoridade direta, derivada de Pedro, a quem ele descreve como o “fundador e pilar” da Igreja em Roma.

Vale a pena citar extensamente as palavras do própria Santo Irineu em sua obra Contra os Hereges, escrita entre c. 180–190 d.C.:

Mas visto que seria coisa bastante longa elencar, numa obra como esta, as sucessões de todas as igrejas, limitar-nos-emos à maior e mais antiga e conhecida por todos, à igreja fundada e constituída em Roma, pelos dois gloriosíssimos apóstolos, Pedro e Paulo, e, indicando a sua tradição recebida dos apóstolos e a fé anunciada aos homens, que chegou até nós pelas sucessões dos bispos, refutaremos todos os que de alguma forma, quer por enfatuação ou vanglória, quer por cegueira ou por doutrina errada, se reúnem prescindindo de qualquer legitimidade. Com efeito, deve necessariamente estar de acordo com ela (com a Igreja de Roma), por causa da sua origem mais excelente, toda a igreja, isto é, os fiéis de todos os lugares, porque nela sempre foi conservada, de maneira especial, a tradição que deriva dos apóstolos. (Contra os Hereges, III, 3,2)

 

Os bem-aventurados apóstolos que fundaram e edificaram a Igreja transmitiram o governo episcopal a Lino (segundo papa), o Lino que Paulo lembra na carta a Timóteo.8 Lino teve como sucessor Anacleto (terceiro papa). Depois dele, em terceiro lugar, depois dos apóstolos, coube o episcopado a Clemente (quarto papa), que vira os próprios apóstolos e estivera em relação com eles, que ainda guardava viva em seus ouvidos a pregação deles e diante dos olhos a tradição. E não era o único, porque nos seus dias viviam ainda muitos que foram instruídos pelos apóstolos. (Contra os Hereges, III, 3,3)

Como se pode verificar com absoluta clareza — e com base documental irrefutável —, já nos dois primeiros séculos da era cristã, existia uma Igreja visível, hierárquica e apostólica, denominada “católica” por Santo Inácio de Antioquia e reconhecida por Santo Irineu de Lião como fundamentada na Igreja de Roma. Essa Igreja não era uma abstração espiritual ou uma rede dispersa de comunidades independentes, mas uma instituição concreta, guiada pela sucessão legítima dos bispos, a começar por Pedro e Paulo, os apóstolos fundadores da Igreja romana.

Santo Irineu, escrevendo entre os anos 180 e 190 d.C., afirma com toda a autoridade de um discípulo de Policarpo de Esmirna (que, por sua vez, foi discípulo direto de São João Evangelista) que toda igreja deve estar em harmonia com Roma, justamente porque nela foi conservada de modo especial a tradição apostólica. Ele não apenas reconhece a primazia de Roma, como também lista os primeiros sucessores de Pedro com precisão histórica: Lino, Anacleto e Clemente, deixando claro que essa sucessão era conhecida, viva e ininterrupta — e que o ensino da fé era transmitido com fidelidade por meio dela.

Portanto, a Igreja Católica já existia em sua estrutura essencial desde o tempo dos apóstolos, com bispos, sucessão apostólica, unidade doutrinal e comunhão visível centrada na Igreja de Roma. Muito antes do século IV, já estava plenamente identificada como a verdadeira Igreja de Cristo, fundada pelos apóstolos e reconhecida pelos primeiros cristãos como tal.

2. São Clemente de Roma (c. 35-99):

A conexão apostólica de São Clemente geralmente é vinculada ao apóstolo São Pedro. Segundo a tradição, Clemente foi consagrado bispo por Pedro.

Um dos primeiros Papas após Pedro, refere-se a este último em sua “Epístola aos Coríntios”, destacando o martírio de Pedro em Roma como um testemunho de sua liderança e dedicação à Igreja. Esta referência é crucial para estabelecer o legado de continuidade apostólica.

3. Tertuliano (c. 155-240):

Em suas obras, Tertuliano de Cartago trata da autoridade de Pedro, destacando como a Igreja de Roma foi estabelecida sob seu guia.

Em “De Praescriptione Haereticorum”, Tertuliano afirma que a verdade da doutrina cristã é garantida pela sucessão apostólica, começando com Pedro.

4. Orígenes (c. 185-253):

Um dos mais prolíficos teólogos da Igreja primitiva, Orígenes escreveu sobre Pedro extensivamente, caracterizando-o como o “primeiro entre os apóstolos”, que foi singularmente dignificado por Jesus.

Ele trata da liderança de Pedro em várias de suas homilias e comentários, enfatizando sua posição única.

5. São Jerônimo (c. 347-420):

São Jerônimo, um erudito bíblico, em sua “De Viris Illustribus”, fala da sucessão de Pedro e de como as chaves do reino dos céus, confiadas a Pedro por Cristo, simbolizam a inauguração do poder papal que seria transmitido através dos séculos.

Estes Padres da Igreja não apenas reconheceram Pedro como o primeiro líder da Igreja de Cristo, mas também ajudaram a moldar a teologia que sustenta a autoridade contínua dos Papas como seus sucessores.

Esse legado dos Padres fornece uma base sólida para entender quem fundou a Igreja Católica, evidenciando a importância fundamental de São Pedro no estabelecimento e na liderança da Igreja.

São Pedro em Roma: corrobora a tese de quem fundou a Igreja Católica

A presença de São Pedro em Roma, fundamental para estabelecer a continuidade apostólica da Igreja Católica, é corroborada por uma combinação de tradição, textos patrísticos e achados arqueológicos significativos.

Túmulo de São Pedro em Roma

Essas evidências não apenas confirmam sua estada e martírio na cidade, mas também fortalecem a ligação direta entre a liderança inicial de Pedro e a linha contínua de Papas que o seguiram.

1. Fontes Patrísticas:

Várias fontes antecipadas indicam que Pedro esteve em Roma e lá foi martirizado.

Por exemplo, Clemente de Roma, no primeiro século, em sua “Epístola aos Coríntios”, menciona o martírio de Pedro, oferecendo um testemunho quase contemporâneo.

Igualmente, Eusébio de Cesareia, em sua “História Eclesiástica” (c. 300-340), detalha a viagem de Pedro a Roma e sua subsequente morte como mártir sob o regime de Nero, situando essa ocorrência na década de 60 d.C.

2. Achados Arqueológicos permitem comprovar quem fundou a Igreja Católica

Um dos mais convincentes suportes físicos da presença de Pedro em Roma é encontrado sob a Basílica de São Pedro, no Vaticano.

As escavações realizadas no século XX, especialmente aquelas ordenadas pelo Papa Pio XII durante e após a Segunda Guerra Mundial, desenterraram um complexo de tumbas datadas da época de Nero.

Dentro deste complexo, descobriu-se uma tumba marcada com inscrições cristãs e sinais de veneração, identificada por muitos estudiosos como o lugar do enterro de São Pedro.

Essa descoberta, conhecida como a Tumba de São Pedro, forneceu artefatos e estruturas que datam do período correto e estão em conformidade com as tradições anteriores sobre o enterro de Pedro.

3. Significado Teológico e Histórico:

A verificação da tumba de Pedro em Roma não é apenas uma questão de interesse arqueológico; ela carrega um peso teológico profundo.

A localização da tumba sob a principal basílica dedicada a São Pedro simboliza a continuidade direta entre a fundação da Igreja por Pedro e o papel contínuo de Roma como o centro do Cristianismo Católico.

Este fato fortalece a doutrina da sucessão apostólica, que afirma que os bispos de Roma (os Papas) são os sucessores diretos de São Pedro, mantendo a fidelidade aos ensinamentos originais de Cristo conforme estabelecidos pela Igreja primitiva.

Essas evidências formam um elo ininterrupto que responde de forma conclusiva às perguntas sobre quem fundou a Igreja Católica e quem a fundou, destacando não apenas o papel de São Pedro como também a importância histórica e espiritual de Roma no desenvolvimento da Igreja Católica.

Sucessão Apostólica: A Linha Ininterrupta de Liderança que ajuda a responder quem fundou a Igreja Católica

A sucessão apostólica é um pilar fundamental da Igreja Católica, assegurando uma linha contínua de liderança que remonta diretamente a São Pedro e, por extensão, a Jesus Cristo.

Esse conceito crucial sustenta que a autoridade concedida a Pedro pelo próprio Cristo foi passada de forma ininterrupta aos Papas e bispos que o sucederam ao longo dos séculos.

1. Fundamento Bíblico e Histórico a base para entender quem fundou a Igreja Católica

A base para a sucessão apostólica é encontrada inicialmente nas Escrituras, como em Mateus 16:18, onde Jesus declara a Pedro como a “pedra” sobre a qual a Igreja seria edificada (como mencionamos acima).

Essa passagem não só estabelece Pedro como o primeiro líder da Igreja, mas também introduz a ideia de que a sua liderança seria sucedida por outros após a sua morte.

2. Continuidade Confirmada pelos Padres da Igreja:

Figuras como Santo Irineu de Lyon enfatizaram a importância dessa continuidade. Em seu trabalho “Contra Heresias”, Irineu defende a sucessão apostólica como uma garantia contra heresias, destacando que cada bispo de Roma foi sucessor direto de Pedro, e assim detinha a verdade do evangelho conforme ensinado diretamente pelos apóstolos.

3. Procedimento de Sucessão:

Na prática, a sucessão apostólica ocorre através da consagração episcopal, um processo pelo qual os bispos, por meio da imposição de mãos, ordenam novos bispos.

Este ato simbólico e ritual, que remonta aos primeiros dias da Igreja, transfere a graça sacramental e a autoridade de um bispo para outro.

4. Importância Doutrinária e Eclesiástica:

Doutrinariamente, a Igreja considera a sucessão apostólica essencial para sua integridade, garantindo que os ensinamentos e práticas se mantenham fiéis aos estabelecidos por Cristo e pelos primeiros apóstolos.

Disciplinarmente, assegura uma ordem e organização eclesiástica, fundamentando a autoridade dos líderes da Igreja em uma base histórica e espiritual sólida.

5. Impacto na Igreja Contemporânea:

No contexto contemporâneo, a sucessão apostólica não apenas reforça a autoridade dos líderes da Igreja, mas também serve como um elo de continuidade com as raízes da fé cristã.

É um testamento da resiliência e da fidelidade da Igreja Católica através dos séculos, enfatizando que a liderança da Igreja permanece fiel às suas origens apostólicas.

A sucessão apostólica, portanto, não é apenas uma questão de tradição histórica, mas uma vital garantia de que a Igreja Católica continua a seguir o caminho traçado por seu fundador, Cristo, e pelo primeiro Papa, Pedro, mantendo-se fiel aos princípios originais do Cristianismo ao longo dos tempos.

Sim, um padre nos dias de hoje foi ordenado por um sucessor direto dos apóstolos.

Constantino e o Édito de Milão (313 d.C.) não são a resposta sobre quem fundou a Igreja Católica!

O Édito de Milão, promulgado em 313 d.C. pelos imperadores Constantino, no Ocidente, e Licínio, no Oriente, representa um marco decisivo na história do Cristianismo, mas não marca o início da Igreja Católica.

Constantino e o Édito de Milão

Este documento foi fundamental não porque estabeleceu a Igreja, mas porque legalizou o Cristianismo, encerrando um período de intensas perseguições e proporcionando um ambiente de expansão e organização sem precedentes para a Igreja já existente.

1. Contexto Pré-Édito:

Antes de 313, a Igreja Católica já estava bem estabelecida, com uma organização hierárquica definida e comunidades espalhadas por todo o Império Romano.

Bispos claramente delineavam a liderança da Igreja, supervisionando diversas comunidades cristãs, uma prática que remonta aos primeiros apóstolos.

Documentos como as cartas de São Paulo aos coríntios, as obras dos Padres Apostólicos e outros escritos do século I e II já delineavam uma estrutura eclesiástica organizada e discutiam teologia, sacramentos e governança eclesiástica.

2. Legalização do Cristianismo:

O Édito de Milão oficializou a tolerância ao Cristianismo, que até então sofria períodos alternados de tolerância e brutal perseguição.

O édito proclamou que o Cristianismo poderia ser praticado abertamente e restituiu propriedades confiscadas à Igreja.

Essa mudança não só protegeu os cristãos de perseguições futuras como também lhes permitiu restaurar e construir locais de culto publicamente.

3. Impactos do Édito:

Com a legalização, a Igreja Católica conseguiu se expandir de forma mais rápida e organizada. Esse período de crescimento se caracterizou pela construção de basílicas, pelo estabelecimento de novas dioceses e pelo desenvolvimento de liturgias e práticas religiosas de maneira aberta.

A Igreja também começou a influenciar mais diretamente a sociedade e a cultura do Império Romano. Dessa forma, integrou-se às estruturas de poder e influenciando o direito romano e a administração pública.

4. A legalização não responde quando surgir a Igreja Católica

Embora o Édito de Milão seja um ponto de inflexão importante na história do Cristianismo, é essencial distinguir entre a legalização da fé e a fundação da Igreja Católica.

Jesus Cristo fundou a Igreja e estabeleceu São Pedro como seu líder formal.

O Édito de Milão não fundou a Igreja; ele simplesmente reconheceu e legitimou uma instituição que já existia, facilitando seu florescimento futuro.

Este esclarecimento ajuda a entender que a Igreja Católica, com uma identidade e estrutura que transcendem a legalização por autoridades civis, possui raízes que se aprofundam nos ensinamentos diretos de Cristo e na governança estabelecida por seus primeiros seguidores.

A expansão que seguiu o Édito de Milão foi, sem dúvida, significativa, mas a verdadeira origem da Igreja remonta à sua fundação apostólica.

Respondendo à Pergunta: quem fundou a Igreja Católica?

Então, quem fundou a Igreja Católica? Podemos afirmar com confiança que a Igreja Católica foi, de fato, estabelecida por Jesus Cristo ainda em vida.

Cristo não só fundou a Igreja, mas também designou São Pedro como seu primeiro líder. Assentando as bases para uma tradição que perdura até hoje através da sucessão apostólica.

Este método de transmissão de autoridade eclesiástica, de Pedro aos papas subsequentes, garante a continuidade do ensino e da prática dentro da Igreja Católica. Assim, preserva sua integridade doutrinária e disciplinar conforme estabelecido pelos apóstolos.

É essa sucessão ininterrupta que forma a espinha dorsal da identidade e missão contínuas da Igreja Católica, conectando-a diretamente aos seus fundamentos apostólicos.

Além disso, é importante perceber o que significa Igreja Católica Apostólica Romana:

  • Católica: universal
  • Apostólica: vem diretamente dos apóstolos
  • Romana: sua sede é em Roma, onde encontra-se o seu líder máximo, o papa.

O desenvolvimento e a expansão da Igreja após o Édito de Milão em 313 d.C. não iniciaram sua história. Mas proporcionaram um contexto em que ela poderia crescer e influenciar mais amplamente a sociedade.

Este período de crescimento acelerado, contudo, se edificava sobre uma base que séculos antes já haviam estabelecido.

Este esboço detalhado e cuidadosamente fundamentado serve para esclarecer as verdadeiras origens da Igreja Católica, distanciando-se de interpretações simplificadas ou equivocadas da história.

Ao fazer isso, não apenas enriquecemos nossa compreensão da história eclesiástica. Mas também valorizamos a profundidade e a riqueza do legado que continua a influenciar milhões de fiéis em todo o mundo.

Este conhecimento reafirma a relevância contínua da Igreja Católica, uma instituição não apenas de profunda fé, mas também de extraordinária história.