Nossa Senhora da Guarda protagonizou uma das mais impactantes aparições de Nossa Senhora reconhecidas oficialmente pela Igreja Católica. Essa manifestação extraordinária aconteceu em 1490, no Monte Figogna, próximo a Gênova, Itália, e mudou a história religiosa da região. Ao aparecer ao humilde camponês Benedetto Pareto, Maria Santíssima desencadeou uma corrente de milagres, devoção e graças que, desde então, transformou o local em um dos mais venerados santuários marianos da Itália.
Um cenário elevado para uma intervenção divina
O Monte Figogna, situado no município de Ceranesi, ergue-se imponente ao norte de Gênova. Do alto, é possível avistar vales, campos e até os Alpes distantes. Gênova, além de ser a cidade natal de Cristóvão Colombo e de Santa Catarina de Gênova, abriga o santuário onde Nossa Senhora da Guarda manifestou seu cuidado materno por meio de aparições milagrosas.
A primeira aparição de Nossa Senhora da Guarda: um chamado à construção da fé
Em 1490, enquanto apascentava seu rebanho nas encostas do monte, Benedetto Pareto notou uma luz intensa que o chamou a atenção. Logo, viu surgir uma Senhora segurando uma criança nos braços. Ele se ajoelhou imediatamente, tomado por reverência e temor.
A mensagem de Maria
A Virgem se identificou como a Rainha do Céu e declarou:
“Não tenhas medo. Eu sou a Rainha do Céu e venho com meu Divino Filho. Desejo que construam aqui uma igreja dedicada ao meu nome.”
Embora Benedetto alegasse sua pobreza como obstáculo, a Mãe de Deus o encorajou:
“Confia em mim, Benedetto. O dinheiro não faltará; só preciso da tua boa vontade. Com a minha ajuda, tudo será possível.”
Empolgado pela visão, Benedetto correu para contar ao pároco e aos vizinhos. No entanto, a incredulidade prevaleceu, e poucos deram ouvidos ao seu relato.
A segunda aparição de Nossa Senhora da Guarda: um milagre que convence
Pouco tempo depois, Benedetto caiu de uma figueira enquanto buscava frutos e quebrou vários ossos. Imobilizado e desenganado, recebeu os últimos sacramentos. Durante sua convalescença, lamentou profundamente não ter conseguido mobilizar os fiéis conforme o pedido da Virgem.
Foi nesse momento de dor que Nossa Senhora da Guarda apareceu novamente. Ela reiterou o pedido e, ao partir, curou instantaneamente o camponês. Diante dessa cura milagrosa, a comunidade reconheceu a veracidade das aparições.
O início do santuário: da fé à ação concreta
Com a permissão do pároco e o apoio dos vizinhos, Benedetto liderou a construção de um oratório simples no local da aparição. Mais tarde, em 1530, a comunidade substituiu essa estrutura por uma capela maior, mantida por membros da família de Benedetto e outros fiéis da região.
A aprovação da Igreja: reconhecimento oficial
Com o passar do tempo, a devoção cresceu, e a Igreja decidiu averiguar os fatos. Em 1582, o bispo de Navarra visitou o local, conforme as diretrizes do Concílio de Trento. Após examinar os relatos e ver um belo relevo retratando a primeira aparição, o bispo declarou sua aprovação oficial.
Posteriormente, em 27 de maio de 1604, a Arquidiocese de Gênova conduziu uma nova investigação. Como resultado, as autoridades arquivaram os documentos no Arquivo de Estado de Gênova, autorizaram a publicação dos milagres e incentivaram a difusão da devoção à Nossa Senhora da Guarda.
A vitória milagrosa de 1625: um exército detido pela fé
Entre os inúmeros milagres atribuídos à intercessão da Virgem, um dos mais marcantes ocorreu em 1625. Carlos Emanuel, Duque de Saboia, marchou com 14 mil homens contra Gênova. Sabendo da desvantagem numérica, o frade capuchinho Tommaso da Trebbiano convocou o povo à oração.
No dia seguinte, camponeses abençoados pelo pároco enfrentaram o exército inimigo e venceram. Todos reconheceram a vitória como um milagre de Nossa Senhora da Guarda, que havia atendido aos rogos dos fiéis.
Crescimento do santuário: resposta à fé do povo em Nossa Senhora da Guarda
Durante o século XIX, o número de peregrinos aumentou consideravelmente. Para acolher essa multidão, a comunidade construiu um novo templo, além de um hospício e uma casa de acolhimento para peregrinos.
Hoje, três imagens representam Nossa Senhora da Guarda:
-
Uma estátua de mármore na capela do local exato da primeira aparição.
-
Uma imagem na capela de São Pantaleão, situada na encosta.
-
A imagem principal, de madeira, entronizada no altar-mor da basílica e coroada solenemente em 1894 por ordem do Papa Leão XIII.
Essa última imagem tornou-se foco de inúmeros milagres, comprovados por ex-votos e objetos preciosos ofertados pelos devotos.
Reconhecimento papal: fé que chega à Cátedra de Pedro
Diversos pontífices confirmaram a importância da devoção a Nossa Senhora da Guarda. Papas como Clemente XVI, Pio VI e Pio XII concederam indulgências especiais ao santuário.
Além disso, o genovês Papa Bento XV, devoto fervoroso da Virgem da Guarda, elevou a igreja à dignidade de Basílica em 11 de março de 1915.
Mais recentemente, São João Paulo II visitou o santuário em 22 de setembro de 1985, e Bento XVI rezou diante da imagem em 18 de maio de 2008, renovando o vínculo entre a Igreja universal e este lugar sagrado.
Conclusão: Nossa Senhora da Guarda continua a proteger seu povo
As aparições de Nossa Senhora da Guarda, em Monte Figogna, não apenas foram reconhecidas oficialmente pela Igreja, como também deram origem a uma devoção viva e fecunda. Por meio da fé simples de Benedetto Pareto, a Virgem Maria revelou-se protetora constante dos seus filhos.
Desde então, milhares de peregrinos continuam a subir a montanha, não apenas para contemplar o local da aparição, mas para renovar sua confiança no auxílio maternal de Maria, que guarda e conduz com amor todos os que nela confiam.
Confira também: